segunda-feira, 28 de outubro de 2013
O canto da cigarra
O inverno já passou, levando embora o frio, e trazendo o calor do verão. Quando chega essa fase, é muito característico ouvirmos "o canto da cigarra", que é um som emitido por elas, que só acontece nos meses quentes. Não pretendo aqui explicar a fundo, cientificamente, o canto das cigarras, e sim, contar um pouco do que este canto representa pra mim.
Já diz o ditado, que quem canta, seus males espanta. E quando ouço o canto das cigarras, eu inacreditavelmente, me sinto muito melhor, tendo os problemas que forem, mesmo em dias estressantes. Me lembro que desde pequeno, quando estava de férias, o sol começava a se despedir, saindo lentamente do céu, e eu vinha voltando pela praia ouvindo aquele canto das cigarras, que muitas vezes se misturava a um vento bem leve que envolvia meu rosto e despenteava meus cabelos.
Acontece que meu cérebro associou o canto das cigarras à lembranças felizes, e quando a cigarra canta, eu me lembro quem eu sou e quem um dia eu fui, e dá uma sensação gostosa de nostalgia. E sempre preferi o verão por me lembrar que era quando eu estava de férias na escola, por estar perto da minha data preferida no ano, que é o Natal. Sei que hoje tanta coisa mudou, e eu não sei nem dizer se eu tenho férias de verdade, posso dizer que hoje tenho alguns dias de folga apenas. Mas nada disso me importa, pois sempre que a cigarra canta, eu volto a ser aquele menino que brincava feliz, soltando pipa na beira da praia.
Antigamente eu chegava até algumas árvores, e via a casca de uma cigarra, imaginando que ela havia morrido. Anos depois eu descobri que ela não morria, e sim se transformava, num fenômeno chamado "ecdise", onde ocorre uma metamorfose, e troca-se a "pele", mudando para um corpo que permite uma adaptação melhor ao ambiente. A vida da cigarra não acaba ali, ocorre apenas uma transformação no corpo delas.
Todo ano é a mesma história, quando eu me perco de mim, a cigarra vem me lembrar quem eu sou. E isso me faz pensar que meu corpo pode até mudar, mas dentro de mim é que existe a vida real, e o corpo atual é apenas como a "casca da cigarra". E é por isso que eu sempre admirei e admiro tanto "o canto da cigarra"!
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