segunda-feira, 10 de junho de 2013

Dorme agora


Quando se tem um filho, realiza-se um sonho. Sonho de continuidade familiar, de passar para ele todos os ensinamentos possíveis. Cria-se a expectativa de viver todos os momentos ao lado dele, até chegar a hora da partida, a hora de dizer adeus. Os pais imaginam que irão ver o filho nascendo, crescendo, envelhecendo, mas nunca verão o filho partindo, pois pela ordem natural das coisas, os filhos deveriam morrer depois de seus pais. Infelizmente, não se pode prever o destino, e alguns pais precisam ver seus filhos partindo!

É tocante demais acolher o sentimento de pais que perdem seus filhos. Se palavras pudessem explicar, acho que a definição melhor para esta dor, é um enorme vazio que fica, parece que se perde um certo brilho de vitalidade do olhar, que apagaram uma chama que vivia dentro do coração e era percebida através dos olhos. Muitas vezes, estes pais não conseguem sequer chorar, por tamanha dor que sentem. É como arrancar parte deles, deixando um vazio impreenchível.

Na grande maioria dos casos, os pais desejavam ter morrido no lugar de seus filhos, se tivessem a escolha de decidir o destino. Cria-se uma revolta natural, uma exigência de explicações, sensação de injustiça, afinal, existe castigo maior na vida, que perder um filho?! Perguntas assombram, como: "Por que comigo? Por que não me levou no lugar dele?"

Apesar da dor, alguns pais não olham essa perda como uma felicidade que se tinha, e foi tirada para sempre; e sim agradecem pela oportunidade de ter vivido todos aqueles momentos, ao lado de seu filho, mesmo que desejassem que aquela experiência perdurasse por mais tempo. Afinal, as lembranças, os momentos, o amor, o carinho, nada disso se apagará ou será esquecido; de alguma forma, acreditam que valeu a pena ter vivido isso, olhando pelo lado de tudo que existiu de bom. Não encaram como um adeus, e sim, um até logo.

"Dorme agora, é só o vento lá fora..."

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