Sapato Novo

Hoje eu comprei um sapato novo, sinto o cheiro da borracha, vejo que ele está intacto, todos os detalhes dele estão limpos. Olho para ele orgulhoso, ele é uma novidade para mim, parece bem confortável no meu pé. Ainda nem amarrei os cadarços, ele até brilha. A sensação de ter um sapato novo é muito boa.

Mas estou pensativo: para guardar meu sapato novo, preciso me livrar de alguns sapatos antigos, mais velhos, para abrir espaço no armário, para que entrem as novas mudanças. Vejo vários outros sapatos, e é impressionante como cada um deles me traz certas lembranças, visualizo as cenas como se estivessem acontecendo nesse exato momento.

Sabe aquele sapato que um dia já foi novo? Pois é, continua lindo, um pouco desgastado com o tempo, perdeu um pouco o brilho, a cor, sofreu alguns pequenos rasgos, está arranhado em alguns pontos. Coloco um ao lado do outro, sapato velho ao lado do sapato novo. Aí penso: Será que o sapato novo vai ser tão resistente e tão bom quanto foi aquele sapato velho? O sapato velho nunca me deixou na mão, esteve comigo gastando sua sola, amolecendo meus pés na hora de pisar naquele chão tão duro, esquentando meus pés nos dias frios. Acho até que se os dois fossem novos, o sapato velho seria mais bonito que o sapato novo.

A diferença entre os dois é que, um é velho e o outro novo. Geralmente nos iludimos com a novidade, e por algo ser novo e desconhecido, parece ser bem melhor. A medida que o tempo passa, aquilo que era novo, que era a coisa mais legal do mundo, começa a se tornar uma coisa normal. Perde o encanto do sapato novo, se torna um sapato antigo, pois nos acostumamos com ele.

É legal ter um sapato novo, mas é necessário pensar bem antes de se desfazer de um sapato antigo. Nem tudo que é novo, é melhor. Novidades são boas, mas o que se tornou antigo PRECISA ser valorizado e NUNCA ser esquecido.

Ainda bem que estamos falando de sapatos, não é mesmo meus caros leitores?